sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Frankie and Johnny II

Tanto tempo que não escrevo...

Estou no Brasil, em São Paulo. Vai fazer dois meses.

Da minha vida posso dizer que as noites de sábado já não são solitárias.

O resto... bem... o resto só a mim me diz respeito, que isto é um blog e não um diário de adolescente com borbulhas na cara.

sábado, 14 de maio de 2011

Estranhamente, para mim é sempre mais estranho despedir-me do ano que acaba, do que entrar no ano que começa...

Apesar de tudo, este foi um bom ano! Obrigada 41! Vai em paz!
Pensamento de quase aniversariante: começamos realmente a ficar velhos quando, para termos a certeza da nossa idade, temos de fazer as contas a partir do ano em que nascemos...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pergunta detrás da orelha

E porque é que ninguém pensa nas pessoas sem furo na orelha? Não posso usar um brinquinho que seja sem que me queiram furar! Ah, não! Eu cá só uso os buracos com os quais nasci!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Pergunta de Merda

A sério que tenho curiosidade em saber em que movimento artístico é que se inspirou o diretor criativo da empresa que produz o papel higiénico LIS ao mandar estampar o mesmo - o papel higiénico - com... fantasminhas.

Isso mesmo... fantasmas em ponto pequeno!

Eu já tinha visto papel higiénico liso, com losangos, pontinho e florzinhas. Já vi papel higiénico rosa, branco e até preto. Mas... com fantasmas? E ainda por cima, sorridentes!?

A sério, qual é a ideia? Assustar-nos o cu?

sábado, 1 de janeiro de 2011

A Presidenta

Dia 1/1/11

Hoje é o Dia D - de Dilma.

:)

Isto vai lá, minhas amigas, devagarinho, mas vai... Um dia chegará em que seremos mais justos uns com os outros, homens e mulheres!

Parabéns Brasil.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Em Defesa da Cidade

Sejamos sinceros: o campo só é tão angelicamente apadrinhado porque a cidade tomou para si lugar de prostituta pecadora.

Na cidade, é verdade, tudo se compra e se vende – o pão, o leite e até o ovo, que branco é e galinha o põe gratuitamente.

A cidade, também é verdade, é suja de gente feia e suja que se amontoa em casas a cavalo umas na outras, em ruas formigantes de carros nos passeios, em becos que não deixam sair a vista para lá do muro ao fim do caminho, em travessas espetadas nos cabelos emaranhados de um urbanismo corrompido com dinheiros sujos de betão. A cidade é suja do fumo que nos corrompe o pulmão. É suja do lixo de quem, por força do progresso, ingere o lixo e joga a embalagem no chão. A cidade é suja de escarros, de charros e carros, de catarros, de espirros e esbirros.

A cidade é uma proscrita, rouca dos gritos que solta na noite do crime. É violenta no anonimato que consente de bom grado à sombra de todos. É louca na neurose coletiva da solidão prescrita na receita médica.

Mas é na cidade que, no meio de tanto pecado, um parque de dez árvores se transforma no Paraíso. É na cidade que o dia de sol após 5 de chuva transforma as janelas em aguarelas impressionistas de cuecas e lençóis virginalmente lavados. É na cidade que o rio é de todos e não do terreno que molha e rega. É na cidade que o canto do pardal na manhã primaveril se torna milagre. É na cidade que o campo ganha encanto!

A cidade é um todo coletivo que acorda de manhã, tal mulher languidamente espreguiçando-se ao longo de todas as artérias ainda semi-escuras do seu corpo de asfalto. Os primeiros passos, sonolentos de quem vai trabalhar. A primeira porta que bate... o cão que ladra lá longe... o despertador do vizinho... o duche do cônjuge, o primeiro autocarro da manhã, que pelo som ainda vai leve do sonho de estrear a estrada. A cidade é um organismo vivo que aos poucos, como que saindo todo da cama, acorda para o dia.

Já o campo, egoísta, acorda em separado para cada um dos seus viventes: Primeiro o galo e a mãe, que dali a pouco acorda o filho, não vá este perder a camioneta para a escola, e só mais tarde o pai se levanta. E com os primeiros raios do sol surgirá o cântico dos pássaros que só acordam com o astro rei. Depois, aos poucos despertarão os outros animais, e os grilos, e as cigarras, e as formigas. E as árvores, já o sol vai alto, ainda dormem, molhadas sob a capa de orvalho que lhes guarda a noite nas folhas.

Desengane-se quem diz que o pão cheira melhor no campo que na cidade. Nem os tomates ou as outras hortaliças. Qualquer bom pão saloio cheira bem onde cheira bem, mas sabe melhor na cidade, onde custa mais a chegar e onde o contraste é maior com o pão de lá. Quem realmente vive a cidade não sente falta de outro tomate que não aquele que compra na mercearia da esquina, que a cidade não são só hipermercados.

Da cidade só fala mal quem quer do campo falar bem: “Ah... na minha aldeia não é nada disto... na minha terra as pessoas conhecem-se todas e cumprimentam-se”.

A mim, pecadora da cidade, ensinaram-me desde menininha a cumprimentar as pessoas. As que conheço e respeito, obrigatoriamente. As outras, por cortesia, também. Chama-se a isto "boa educação" e existe em qualquer parte. Se na cidade a proporção dos mudos é maior, é somente porque na cidade a proporção dos faladores é também maior. Ironicamente, muitos desses mudos são do campo. A boa educação não tem terra, tem gente, que sabe ou não conviver com os outros.

A cidade não é só o monstro industrial e sem-coração que os taxistas acusam. A cidade tem um coração imenso que bate em todos os peitos que aceita de braços abertos: branca, negra ou mulata, a cidade é da cor de todas as peles juntas, a cidade são todas as aldeias do mundo, com todas as línguas das tribos de Israel, onde todos também sabem a vida de todos, ou alguém ainda acredita que a coscuvilhice seja invenção dos grilos do campo?

A cidade, mais humana e indulgente, permite o lazer de um dia de ócio à beira-rio domingueiro, enquanto que o campo, esclavagista, é cruel no trabalho de todos os dias, de sol a sol. Se virmos bem as coisas, no campo só realmente descansam os citadinos, que sabem descansar, porque a cidade lhes ensinou a importância de um livro lido.

É a cidade o berço das grandes insatisfações que alteram parte do mundo para melhor. É a cidade o berço das revoluções. É a cidade a mãe de todas as lutas. Mas não é especificamente a cidade que pare as intrigas palacianas ou os jogos de poder, que esses há-os onde houver gente e um bocado de feudo.

Não! Definitivamente, a cidade não é só o mendigo que passa e a droga que vende! A cidade tem a beleza das fachadas antigas, o mosaico das janelas suspensas, a magia das ruas mexidas, o genuíno dos pregões que ainda se ouvem, a beleza das gentes que se pavoneiam no centro. E de entre as cidades há algumas, como esta, por exemplo, que tem um rio a quem, fiel como só ela sabe ser, se entrega desde o início dos tempos, um rio que a leva a navegar pelo mundo de todas as aldeias do mundo.

Talvez o campo me venha a pôr a terra em cima e a fechar os olhos, mas foi a cidade, definitivamente, que mos abriu.