sábado, 15 de maio de 2010

Mais um...

41!

Cheguei aos 41!

Bonita, solteira, pobre, charmosa, insuportável com sono, pedante de vez em quando, de cabelo sempre espetado, pouco fotogénica, cheia de celulite mas ainda boazuda, cantora de fado e desempregada!

Não é para qualquer um!

MAZEL TOV PARA MIM! :)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Graça das Doenças

Esta mania de dar nomes de doenças nefastas aos dias internacionais é algo que se não fosse tão cómico daria vontade de chorar.

Que atire a primeira pedra quem nunca se sentiu tentado a dizer "Dia Mundial da Sida" ou "Dia da Turbeculose".

Agora, quem foi honesto o suficiente para ter guardado a pedra no bolso, tente dizer com a mesma convicção "Dia Mundial do Pedófilo" ou "Dia da Tortura aos Animais". Estão a ver onde quero chegar?

Pois é... e, como se isso não bastasse, eis que hoje descubro, para grande espanto meu, que o cancro tem um mês dedicado a si!! E logo o cancro, pá!! E logo o meu mês!! Bolas!!!

Tirando o imposto, o tributo é suposto ser uma manifestação de agradecimento por uma graça obtida. Ora um cancro, a não ser que seja no corpo de um ditador, de um sádico ou de ministro corrupto e ladrão, não tem graça nenhuma.

Os dias (os meses, os anos, as horas, os minutos) são, por ideia, dedicados às vítimas dessa doenças traiçoeiras ou a algo socialmente aceite como bom (a Árvore, a Água, a Poesia, os Passarinhos, sei lá...). Por outras palavras, e indo diretamente ao que interessa: os dias são de LUTA CONTRA a respetiva doença!

Estamos entendido?

(isto de dar aulas de português a estrangeiros tem este resultado: faz-nos pensar na nossa própria língua sobre a nossa própria língua)

domingo, 2 de maio de 2010

Mãe

A minha mãe é o mundo!

sábado, 1 de maio de 2010

O TRABALHO

Esta vergonha... esta profunda vergonha de não ter trabalho... de não ser capaz de conseguir trabalho.

De ter falhado...

De sobreviver há dois anos de biscates... de uma coisinha aqui, uma tradução ali, umas fotos acolá... de migalhas que tenho de agradecer...

E o pior, o pior que a falta de dinheiro, que o apertar do cinto que já não existe é a perda da condição humana.

Entrar-se no desemprego é deixar de existir para a sociedade, para a família e amigos, para os conhecidos e antigos colegas de trabalho. É sermos riscados das listas telefónicas, das agendas, dos convites, dos alarmes do dia de anos e das saudações de Natal.

Tal como o animal ferido, somos abandonados à nossa sorte como castigo por nos termos deixado atacar, por ser, mesmo se fortes, o elo mais fraco.

E se isso não bastasse, achamos que merecemos o abandono. Também nós nos abandonamos ao sabor dos dias que nos parecem não ter fim. Falhámos e os outros não... os outros, que até julgavamos piores profissionais, os outros que pensávamos que não se safariam... Os outros que estudaram menos e não leram os livros que nós lemos.

Mas os outros safaram-se e seguem a sua vida, com os problemas quotidianos de quem tem um quotidiano.

Tenho só a saudade de acordar para as filmagens, de rir nos camarins, de falar insane com os projectores, de ficar contente com uma iluminação bem feita, de ficar nervosa com um momento de stress... de me sentir, de alguma forma, útil, produtiva e pertencente a um grupo.

Tenho saudade da equipe... do Marques, o meu querido Marques, da Tina, do Hugo, do Joãozinho, do Herman, da Ruef, do Zé Cruz, do senhor do Catering... Tenho saudades de me sentir gente, de sentir um sorriso à minha chegada ao trabalho, de ouvir o curriqueiro "Bom dia" que tomamos por direito inaliável...

O silêncio ensurdecedor do telefone, que mantenho ligado na teimosia de uma chamada por engano, não me deixa esquecer a inutilidade do que não faço e do que não sou para os outros.

Não ter trabalho é morrer-se de inutilidade... é ser-se esquecido... é esquecer-se.

A falta de um trabalho produtor aniquila-nos como pessoas.

Não valho nada!

Viva o Dia Internacional do Trabalhador!