quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Em Defesa da Cidade

Sejamos sinceros: o campo só é tão angelicamente apadrinhado porque a cidade tomou para si lugar de prostituta pecadora.

Na cidade, é verdade, tudo se compra e se vende – o pão, o leite e até o ovo, que branco é e galinha o põe gratuitamente.

A cidade, também é verdade, é suja de gente feia e suja que se amontoa em casas a cavalo umas na outras, em ruas formigantes de carros nos passeios, em becos que não deixam sair a vista para lá do muro ao fim do caminho, em travessas espetadas nos cabelos emaranhados de um urbanismo corrompido com dinheiros sujos de betão. A cidade é suja do fumo que nos corrompe o pulmão. É suja do lixo de quem, por força do progresso, ingere o lixo e joga a embalagem no chão. A cidade é suja de escarros, de charros e carros, de catarros, de espirros e esbirros.

A cidade é uma proscrita, rouca dos gritos que solta na noite do crime. É violenta no anonimato que consente de bom grado à sombra de todos. É louca na neurose coletiva da solidão prescrita na receita médica.

Mas é na cidade que, no meio de tanto pecado, um parque de dez árvores se transforma no Paraíso. É na cidade que o dia de sol após 5 de chuva transforma as janelas em aguarelas impressionistas de cuecas e lençóis virginalmente lavados. É na cidade que o rio é de todos e não do terreno que molha e rega. É na cidade que o canto do pardal na manhã primaveril se torna milagre. É na cidade que o campo ganha encanto!

A cidade é um todo coletivo que acorda de manhã, tal mulher languidamente espreguiçando-se ao longo de todas as artérias ainda semi-escuras do seu corpo de asfalto. Os primeiros passos, sonolentos de quem vai trabalhar. A primeira porta que bate... o cão que ladra lá longe... o despertador do vizinho... o duche do cônjuge, o primeiro autocarro da manhã, que pelo som ainda vai leve do sonho de estrear a estrada. A cidade é um organismo vivo que aos poucos, como que saindo todo da cama, acorda para o dia.

Já o campo, egoísta, acorda em separado para cada um dos seus viventes: Primeiro o galo e a mãe, que dali a pouco acorda o filho, não vá este perder a camioneta para a escola, e só mais tarde o pai se levanta. E com os primeiros raios do sol surgirá o cântico dos pássaros que só acordam com o astro rei. Depois, aos poucos despertarão os outros animais, e os grilos, e as cigarras, e as formigas. E as árvores, já o sol vai alto, ainda dormem, molhadas sob a capa de orvalho que lhes guarda a noite nas folhas.

Desengane-se quem diz que o pão cheira melhor no campo que na cidade. Nem os tomates ou as outras hortaliças. Qualquer bom pão saloio cheira bem onde cheira bem, mas sabe melhor na cidade, onde custa mais a chegar e onde o contraste é maior com o pão de lá. Quem realmente vive a cidade não sente falta de outro tomate que não aquele que compra na mercearia da esquina, que a cidade não são só hipermercados.

Da cidade só fala mal quem quer do campo falar bem: “Ah... na minha aldeia não é nada disto... na minha terra as pessoas conhecem-se todas e cumprimentam-se”.

A mim, pecadora da cidade, ensinaram-me desde menininha a cumprimentar as pessoas. As que conheço e respeito, obrigatoriamente. As outras, por cortesia, também. Chama-se a isto "boa educação" e existe em qualquer parte. Se na cidade a proporção dos mudos é maior, é somente porque na cidade a proporção dos faladores é também maior. Ironicamente, muitos desses mudos são do campo. A boa educação não tem terra, tem gente, que sabe ou não conviver com os outros.

A cidade não é só o monstro industrial e sem-coração que os taxistas acusam. A cidade tem um coração imenso que bate em todos os peitos que aceita de braços abertos: branca, negra ou mulata, a cidade é da cor de todas as peles juntas, a cidade são todas as aldeias do mundo, com todas as línguas das tribos de Israel, onde todos também sabem a vida de todos, ou alguém ainda acredita que a coscuvilhice seja invenção dos grilos do campo?

A cidade, mais humana e indulgente, permite o lazer de um dia de ócio à beira-rio domingueiro, enquanto que o campo, esclavagista, é cruel no trabalho de todos os dias, de sol a sol. Se virmos bem as coisas, no campo só realmente descansam os citadinos, que sabem descansar, porque a cidade lhes ensinou a importância de um livro lido.

É a cidade o berço das grandes insatisfações que alteram parte do mundo para melhor. É a cidade o berço das revoluções. É a cidade a mãe de todas as lutas. Mas não é especificamente a cidade que pare as intrigas palacianas ou os jogos de poder, que esses há-os onde houver gente e um bocado de feudo.

Não! Definitivamente, a cidade não é só o mendigo que passa e a droga que vende! A cidade tem a beleza das fachadas antigas, o mosaico das janelas suspensas, a magia das ruas mexidas, o genuíno dos pregões que ainda se ouvem, a beleza das gentes que se pavoneiam no centro. E de entre as cidades há algumas, como esta, por exemplo, que tem um rio a quem, fiel como só ela sabe ser, se entrega desde o início dos tempos, um rio que a leva a navegar pelo mundo de todas as aldeias do mundo.

Talvez o campo me venha a pôr a terra em cima e a fechar os olhos, mas foi a cidade, definitivamente, que mos abriu.

domingo, 7 de novembro de 2010

Pensamentos Idiotas, Ideais e Idílicos

"Tenho cá para mim que o problema do mundo não é a fome dos indigentes, mas sim a vontade de comer dos saciados."

domingo, 12 de setembro de 2010

A Mulher de César

Deveríamos pensar sempre duas vezes antes de acusarmos os nossos amigos de serem maus amigos, de nos falharem nas horas de aflição, de não nos livrarem da solidão e de fingirem não perceber das nossas necessidades.

Não, a sério! Não estou a ser irónica! Os amigos não têm culpa nenhuma de não corresponderem às nossas expectativas e falsas esperanças de sacrifícios que nós, com certeza, nunca estivemos dispostos a fazer por eles. E se estivemos, problema nosso, não deles!

Sejamos honestos! Tal como os povos, em última instância, merecem os governos que têm, também cada um de nós merece os amigos que (não) tem.

Eu, por exemplo - que sou o único exemplo fidedigno que consigo dar, por possuir a única cabeça dentro da qual consigo entrar - sem querer ser patética (que, tal mulher de César, eu sei que pareço) sinto-me absolutamente abandonada por todos os meus amigos. Sem excepção, não vou mentir! E esta solidão na qual arrasto no dia-a-dia é de tal modo digna de pena, que escrever aqui o que ninguém lê parece-me um acontecimento socialmente excitante. É como ser-se convidada para uma festa onde somos os únicos a festejar, sem entender muito bem quem enviou o convite.

A falta da presença física e moral de amigos é atordoante, deixa os sentidos dormentes, tal qual o braço muito tempo imobilizado debaixo do corpo de várias toneladas adormecido em cima dele. Sabem aquela sensação que se tem durante 2 ou 3 segundos que parecem eternos quando, ao libertarmos finalmente o braço dormente, este parece que se se vai, a qualquer momento, desmembrar, separar do resto do corpo?... Ele não dói, mas sabemos que se o mexermos o perdemos para sempre e, ao mesmo tempo, sentimos chegar com horror o sangue aos vasos, anunciado a entrada de milhões de agulhas na carne, tal tortura medieval? E de quem é a culpa? Do braço, que se limita a levar-nos a mão onde queremos, ou nossa, que dormimos em cima dele e lhe exigimos operacionalidade constante?

Pois é, a tomada de consciência da inexistência de amigos corresponde a esses dois ou três segundos entre o condicionamento físico e a tortura medieval. Sentimos como que se os amigos fossem membros sobre os quais dormimos e que agora se despegam e nos espetam agulhas a cada movimento que fazemos sem eles.

E eu pergunto, tal como o braço dormente, não será a solidão fruto do nosso corpo adormecido em cima dela?

Subjugamos as amizades ao peso que temos da consciência das coisas para connosco. No entanto, alguma vez os nossos amigos nos prometeram amparar nas horas de desespero?

Não sei quanto a vocês, mas os meus nunca prometeram tal coisa!

A questão é que eu parti do princípio que eles estariam sempre presentes e, no entanto, nunca estive sempre presente nas aflições deles. E se em algumas estive, que horas houve, nada mais fiz do que a minha obrigação como amiga. Neste preciso momento, por exemplo, quantos amigos meus estarão a precisar de uma palavra de conforto, de um riso ao telefone, de um cafezinho na esplanada de um qualquer café? - Eu juraria que nenhum, mas isto é porque a minha dor me parece ser a única digna desse nome. Acho que todos estão bem e que todos me abandonaram.

Ora, se não assumimos o nosso fracasso na escolha de amigos que não nos convinham, tenhamos pelo menos a coragem de assumir a responsabilidade pelos nossos actos: os meus amigos não são responsáveis pela minha solidão. EU é que parti do princípio que eles estariam sempre cá, EU é que os imaginei super-heróis, EU é que pintei a banda desenhada onde eles me iam salvar e EU é que tenho a sensação que faria por eles aquilo que eles não fazem por mim. Mas faria?

Não nos compete esperar das pessoas mais do que aquilo que elas nos dão e não receber menos do que aquilo que elas parecem destinadas a oferecer-nos. Porque às vezes, uma descontraída conversa na esplanada pode ser tudo o que precisamos.

Os meus amigos não estão cá para serem a mulher de César nem para me salvar. Que se salvem a si e me libertem dessa tarefa, é o que lhes desejo!

Os meus amigos estão cá para parecerem a mulher de César, para eu os imaginar amigos. E todos os exageros que daí advenham serão de minha inteira responsabilidade!

domingo, 29 de agosto de 2010

Filosofia Barata I

A diferença crucial entre os regimes comunistas e capitalistas é que no comunismo limpamos a boca às coisas do ânus, ou seja, colocamos o rolo de papel higiénico na mesa quando se nos acabam os guardanapos, e no capitalismos limpamos o ânus às coisas da boca, que é como quem diz, recorremos aos guardanapos quando nos apercebemos que esquecemos de comprar papel higiénico 'logo agora'!

Quem viveu nos dois regimes sabe do que falo.

domingo, 15 de agosto de 2010

À sombra da árvore

O homem de expressão impaciente, dir-se-ia que amargurada, para dar mais dramatismo à cena, está estranhamente calmo, sentado numa cadeira velha, à sombra de uma árvore numa qualquer encruzilhada de caminhos desertos e empoeirados da terra batida. Na mão segura o revólver que aponta à sua própria cabeça. Para o tiro fatal pouco falta. Talvez, pensa quem está de fora, alguma palavra acertada dita na hora certa consiga evitar esta saída pouco higiénica mas, decididamente, teatral e quase que garantida. (Que casos já houve em que o garantido ficou no orifício traseiro da galinha).

Mas quem vai saber qual é a palavra certa na hora acertada? A hora será com certeza qualquer uma antes do tiro, mas como chegar ao cérebro do suicida antes da bala?

Conhecessemos nós as palavras certas e não haveria no mundo tantos amantes infelizes. As palavras são, sem dúvida, a arma mais mortífera para quem não tem nas mãos um revólver, que lirismos à parte, é pela bala que se mata e por ela que se morre.

E o nosso homem seguramente não segura palavras. Com os dedos tensamente fechados sobre o punho do colt, parece esperar a distração da coragem.

Alguém que viu a cena, um familiar, por certo - que naqueles vilarejos dos Estados Unidos é difícil alguém ver alguma coisa, tal é a secura do deserto e da gente que por ali escasseia - chama a polícia, com a esperança que com ela venha o especialista das palavras.

Mas a polícia é peremptória: para o revolver negociar este tem de estar na sua mão e não na mão do outro!

E toca então de cercar o nosso "desperado" por todos os lados e de o pôr na mira de dezenas de outros colts, tão mortíferos como o dele, mas com autorização legal para matar.

- Pouse a arma imediatamente, senão disparamos! - grita o xerife, orgulhoso do cerco tão perfeito que os seus homens foram capazes de formar.

O suicida hesita. Vemos nos seus olhos incrédulos o absurdo da situação: então ele ameaça matar-se e eles ameaçam matá-lo se ele se matar?

Olha em redor. Talvez a prolongar aqueles breves segundos da resposta esperada, talvez à procura de ouvir a palavra que necessita. Mas tudo o que ouve é de novo a voz do xerife.

- Pouse a arma imediatamente, senão disparamos!

E ele, o nosso suicida, sorri num esboçar de lábios só perceptível à tele-objetiva, provavelmente uma 200 mm, que não terá a melhor lente a desenhar rostos, mas que à distância a que a câmara se encontra, atrás da linha policial, só ela nos poderá desvendar aquele levantar do canto da boca.

Ele estava ali, com o dedo no gatilho, há mais de uma hora. Apercebera-se que perdera entretanto a coragem, que lhe passara o desespero cego da solução final. Mas agora havia que convencer o dedo a largar o gatilho. Havia que criar a verdadeira coragem de sair dali com as mãos nos bolsos. Mas o dedo espera a palavra certa. Talvez aquela que lhe dissesse que amanhã seria outro dia, que só aquilo não teria solução, que... sabe lá ele. E sabemos lá nós, que achamos sempre que sabemos tudo! Ele já nem mesmo se lembra o que foi que o fez ir para ali... Recorda-se só que quando se sentou à sombra da árvore tudo o que queria era tirar o peso do sol de cima dos ombros. E de repente deu por si com a arma encostada à cabeça e o olhar de desespero da mulher a rodeá-lo que nem abutre.

Como é que a arma lhe tinha ido para às mãos? Qual teria sido a linha de pensamento a despoletar o dedo e a fazê-lo crer que a bala seria mais leve que a sombra?

Ele não sabe... tenta lembrar-se, mas tudo o que vê é a mulher aos gritos, aflita. Não lhe entende as palavras, que o hábito de quem vive junto por muito tempo tem destas coisas. Mas sente-lhe a aflição sincera. Sim... ainda gosta muito dela, mas já não se lembra porquê... Ela chora... Ah, se ela chorasse menos talvez não o distraísse tanto... que as mulheres têm destas coisas: distraem-nos!

A polícia mantém-se atrás dos carros, de arma em punho sobre o suicida.

A mulher já não grita. Tenta balbuciar ao xerife que o marido não mata nem uma mosca - que com o sol castigador que está, só mesmo as moscas conseguem voar, pois, até prova em contrário, as almas não voam... Ah, e se o nosso homem está rodeado de almas... de almas que lhe gritam torturantes «Fá-lo!». Como é possível que ninguém mais as ouça?... - Onde está o vosso especialista das palavras certas?? - parece perguntar a mulher de carne e expressão secas, que àquele lugarejo esquecido por Deus, do Sonho Americano só o desemprego e a miséria chegaram. Até o xerife, janota e já de braços alimentados e tez mais rosada, veio da cidade, a largas milhas de distância. Ele, cavaleiro sem cavalo, ordena-lhe que se retire - Para trás da linha de segurança. Melhor para casa, e pode levar as moscas! - Esta última parte não a diz, claro, as sente-se-lhe na voz incomodada e politicamente correta. - A gente resolve isto!

"Isto" é o pais dos seus filhos...

E ele, o pai, o marido, teria talvez acreditado nela, teria provavelmente adiado a morte para o acaso da vida futura, mas o brilho dos carros não lhe permite ver a sombra do rosto da mulher na ombreira da porta.

O sorriso mantém-se... ele perdera entretanto a coragem, que a coragem é como o tubarão, que, se o sangue não lhe chega aos sentidos poupa a vítima, que acabará eventuamente por morrer do pânico, mas não da bala... Alegorias metafóricas à parte, que o mar está muito longe desta secura de road movie, o seu tubarão havia-lhe rodeado a dor por alguns instantes, mas não tendo avistado sangue foi embora para as águas quentes da costa, antes mesmo de a polícia chegar.

E agora? O revólver não está registado, mais problemas, talvez passe a noite na cadeia... Ah... Que chatice! E que pouca vontade ele tem de passar a noite na cadeia! A sombra ali está tão agradável... a árvore, tão frondosa... Como é possível nunca ter reparado nela a não ser para descarregar águas?

Não, não vai passar a noite na cadeia! E sorri ainda mais, pela coragem da decisão finalmente tomada!

Afasta ligeiramente a mão da cabeça, vira zombeteiro o olhar para o xerife, e antes que possa focar-lhe a cara sob o escuro da aba do chapéu, uma saraivada de balas crava-se na árvore atrás dele, algumas levando já o seu sangue.

A mulher grita. A voz dela é o único som a quebrar a tórrida paisagem que para um português seria quase tão grande e tórrida como a alentejana...

O marido jaz no chão, no banho vermelho e sombreado pelas folhas opacas. No seu rosto, um enigmático sorriso de agrdecimento pela colaboração dos homens da lei!

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Moral da história em forma de pergunta para xerifes de filmes americanos: Mas que ideia estúpida é essa de apontar uma arma a quem se está a querer matar?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Pedido em modos de ordem

Tudo, menos este sentimento de inutilidade e comiseração, por favor...

Que venha a raiva, o grito, o espanto. Mas não este vazio, não esta pena de mim. Tudo, menos a pena!

É uma ordem!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Aos Namorados das Minhas Amigas

Por defeito, gosto dos namorados, amigos, amantes, companheiros, maridos, casos, o que lhes queiram chamar, das minhas amigas! Gosto deles na medida em que fazem as minhas amigas felizes, amadas e desejadas.

Respeito-os, aprecio-os, converso com eles, sou capaz de os suportar em paz o tempo que a minha amizade exigir e não me importo nada de repartir com eles as atenções das minhas amigas. O ciúme nunca fez parte da minha mão-cheia de defeitos.

No entanto, desengane-se o que deles acreditar que, em caso de discórdia, tomarei a sua defesa.

As coisas são o que são e, caso esteja algum deles a ler estas linhas, que fique ciente que se algum dia a minha amiga chegar ao pé de mim a chorar e a dizer que lhe espetou uma faca de cozinha no pescoço porque você a chamou de vaca, eu serei a primeira a voltar com ela ao local do crime, a re-espetar-lhe a faca uma segunda e terceira vez, para me assegurar da sua morte, a mergulhar o seu corpo em ácido sulfúrico e a atirar aos peixes o que restar da carcaça!

Em seguida, escreverei tal guião cinematrográfico com a história do seu desaparecimento que deixará a polícia a acreditar que encontrar a Maddi será ainda mais fácil e provável que encontrá-lo a si.

Quanto ao que restar dos seus ossos, será comido, triturado e defecado por aquelas tainhas mutantes que insistem em poluir o rio Tejo de peixes, e os seus despojos acabarão por ser arrastados para o meio escuro, frio e profundo do Atlântico. Para todo o sempre.

E como isso não bastará, levarei nessa mesma noite a minha amiga a jantar fora, explicar-lhe-ei que vaca é sagrada na Índia, beberei com ela o melhor vinho da casa e, em êxtase, dançaremos até ao raiar do sol, num pacto ameno de exorcismo do seu - por essa altura já insignificante - nome e regressaermos a casa bêbedas e com a sensação de missão cumprida.

Isto não é nada pessoal, por isso não levem a peito. Longe de mim ser androfóbica! Não nutro pelo género masculino nenhum ódio de estimação e, nalguns raros casos, conseguirei mesmo acreditar que vocês não sejam particularmente piores que as minhas amigas.

A questão, meus caros, é que as minhas amigas são elas!
Só isso.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tonterias...

Sinto falta, muita falta do Marques da Silva!

E porque não dizer saudades? Sim, saudades dele.

(isto é um desabafo idiota, não prestem atenção e passem por cima deste post).

terça-feira, 13 de julho de 2010

Medo

Haverá algum indicador social mais assustador que um polícia guardando a porta de uma mercearia?

Há já duas semanas que tem um polícia à porta do Mini Preço daqui do bairro...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Coisas a não esquecer no futuro:

Ter sempre uma amiga sábia à mão, com o conselho necessário, quando precisamos de tomar uma decisão importante!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fazes da vida... (com "z" mesmo)

Estou em fermentação...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Dia da Morte de José Saramago

Hoje não era dia para eu escrever aqui, mas há dias que não são para a coisas que têm de ser. São dias para se continuar com a inutilidade das coisas importantes sem dia nem hora marcada que não podem perder 5 minutos da vida para me deixarem escrever aqui. Há dias assim, que marcam nos olhos o escuro da alma. Dias iguais aos outros que, sem mudarem, nos mudam, como o de hoje. O dia de hoje mudou-me de dia, mudou-me a mim, ter-me-á, quiçá, que estas palavras em extinção tem de ser usadas para continuar em desuso, mudado a vida? Nunca ninguém público, como se nós privados fôssemos, me doeu tanto morrer como o parar do suspiro teu, a quem os pais ou, talvez, - não sejamos repetitivos com o quiçá - um padre bêbedo, que nisto dos nomes, de todos os nome, nunca se sabe, deram a graça de José. Nome simples, pouco dado a estrelato, de homem simples. Homem de amores e de ódios, de paixões, homem de cara e punho cerrados, mas mão aberta sobre o papel-ferramenta da qual fez bomba lírica, homem, que não abria a boca ao sabor do vento, como a minha, pecadora sem credo, mas ao sabor do sabor das coisas sérias da alma e do corpo. Homem aberto ao mundo, ao humano, aos dedos na escrita, aberto ao vazio da letras que deixa a preencher as várias vidas que todos viveremos, por menos ou mais que vivamos, que isto da vida nada mais é que letras de dias e de meses onde se vai, naturalmente, escrevendo o nosso nome, traço a traço, até ao fim do apelido. Hoje, na minha vírgula pôs-se o ponto final do teu nome Saramago. Pois que seja uma vírgula a mudar-me, que saudades tua não terei: tenho cá a tua escrita para as horas do impacientes folhear dos meus dedos. Adeus, meu amigo, permite-me que assim te chame, pois inimigos não fomos e meios-amigos não há, que isso de meias palavras nunca fez parte do teu dicionário, pelo que amigos seríamos, com certeza.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Vazio

A sério que deveria haver uma lei celestial que proibisse certas pessoas de sairem da nossa vida. Certas pessoas que nos são vitais. Que fazem pacto de vida connosco. Elas podem casar, ter filhos, ir para longe, enriquecer ou empobrecer, amar outras pessoas e tudo mais. Mas nós, nós seriamos sempre o centro daquilo que construímos com elas. E sair desse centro, acontecesse o que acontecesse, deveria ser proibido!

Bem... isto seria, claro, muito bonito, num mundo tipo manicómio, onde andaríamos todos loucos se não pudéssemos por vezes afastar-nos de pessoas que até gostamos. É vital que nos afastemos... às vezes até de nós mesmos!

Mas o mundo de que eu falo é diferente.

Como vou agora olhar para a caixa de emails sem esperar nada dele? Como vou olhar sem sorrir para as pequenas coisas que ele gosta? Como vou?...

Sei que isto parece conversa de dor de corno. Mas não é! Nem mesmo é dor. Antes fosse. Seria algum sentimento. Mas é muito pior... É um vazio. É um buraco, um buraco na alma...

Em doze anos, hoje foi o primeiro dia que não esperei email dele. Sabia que não ia chegar. Nem queria que chegasse. No entanto, levei o dia a abrir a caixa do correio... como se a memória insistisse em não funcionar.

O meu cérebro e coração que se entendam, que eu vou tentar dormir.

Nada do que eu digo faz sentido?

Se conhecessem a pessoa que eu conheço, faria!

Este vazio... este grande vazio... e a solidão, ganhando cada vez mais terreno.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Público e o Privado

Há coisas por contar.
Muitas coisas.
Claro que não todas as coisas, que isto não é um diário, é um site público, e há coisas privadas. Mas as coisas, tal como as conversas, são como as cerejas - come-se uma e vem outra atrás. Entre privadas e públicas, algumas se hão de salvar da censura interna.

No entanto o tempo, ao contrário dos chapéus, é pouco. Estarei, se entretanto não for despedida, no teatro de Almada até ao final do Festival Internacional de Teatro. Estou a tratar dos textos dos russos e vou ajudar a montar a luz pois "eu pareço gostar de luz", segundo o diretor do teatro.

Pois pareço...

*aqui tive vontade de chorar e de partir a casa toda*

Estive em Paris, cinco dias. Cinco maravilhosos dias. Com uma pessoa maravilhosa (aqui entra o privado).

Fiquei com vontade de reaprender francês.

Fiquei também com vontade de ter muito dinheiro para poder viver entre Lisboa, São Paulo e Paris (com umas escapadas à Rússia para treinar a língua).

Acho que tenho de começar a executar este plano! A primeira coisa que tenho de fazer é arranjar um trabalho bem pago. Sim, parece-me um bom plano! (que não pensem que isto no teatro me está a pagar as contas, que não está. Já ouviram falar do amor à arte e do medo à loucura? Pois é.... por amor à arte e para não ficar louca estou a aceitar qualquer coisa, só para poder estar com pessoas, falar com pessoas, ver pessoas... ah... as pessoas).

O Eduardo... sim... o Eduardo escreveu-me. O Eduardo eternece-me a alma. E mais não digo que é privado.


PS - Não é engano não, é "eternece-me" mesmo!! Ou pensam que é só o Mia Couto que pode?

sábado, 15 de maio de 2010

Mais um...

41!

Cheguei aos 41!

Bonita, solteira, pobre, charmosa, insuportável com sono, pedante de vez em quando, de cabelo sempre espetado, pouco fotogénica, cheia de celulite mas ainda boazuda, cantora de fado e desempregada!

Não é para qualquer um!

MAZEL TOV PARA MIM! :)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Graça das Doenças

Esta mania de dar nomes de doenças nefastas aos dias internacionais é algo que se não fosse tão cómico daria vontade de chorar.

Que atire a primeira pedra quem nunca se sentiu tentado a dizer "Dia Mundial da Sida" ou "Dia da Turbeculose".

Agora, quem foi honesto o suficiente para ter guardado a pedra no bolso, tente dizer com a mesma convicção "Dia Mundial do Pedófilo" ou "Dia da Tortura aos Animais". Estão a ver onde quero chegar?

Pois é... e, como se isso não bastasse, eis que hoje descubro, para grande espanto meu, que o cancro tem um mês dedicado a si!! E logo o cancro, pá!! E logo o meu mês!! Bolas!!!

Tirando o imposto, o tributo é suposto ser uma manifestação de agradecimento por uma graça obtida. Ora um cancro, a não ser que seja no corpo de um ditador, de um sádico ou de ministro corrupto e ladrão, não tem graça nenhuma.

Os dias (os meses, os anos, as horas, os minutos) são, por ideia, dedicados às vítimas dessa doenças traiçoeiras ou a algo socialmente aceite como bom (a Árvore, a Água, a Poesia, os Passarinhos, sei lá...). Por outras palavras, e indo diretamente ao que interessa: os dias são de LUTA CONTRA a respetiva doença!

Estamos entendido?

(isto de dar aulas de português a estrangeiros tem este resultado: faz-nos pensar na nossa própria língua sobre a nossa própria língua)

domingo, 2 de maio de 2010

Mãe

A minha mãe é o mundo!

sábado, 1 de maio de 2010

O TRABALHO

Esta vergonha... esta profunda vergonha de não ter trabalho... de não ser capaz de conseguir trabalho.

De ter falhado...

De sobreviver há dois anos de biscates... de uma coisinha aqui, uma tradução ali, umas fotos acolá... de migalhas que tenho de agradecer...

E o pior, o pior que a falta de dinheiro, que o apertar do cinto que já não existe é a perda da condição humana.

Entrar-se no desemprego é deixar de existir para a sociedade, para a família e amigos, para os conhecidos e antigos colegas de trabalho. É sermos riscados das listas telefónicas, das agendas, dos convites, dos alarmes do dia de anos e das saudações de Natal.

Tal como o animal ferido, somos abandonados à nossa sorte como castigo por nos termos deixado atacar, por ser, mesmo se fortes, o elo mais fraco.

E se isso não bastasse, achamos que merecemos o abandono. Também nós nos abandonamos ao sabor dos dias que nos parecem não ter fim. Falhámos e os outros não... os outros, que até julgavamos piores profissionais, os outros que pensávamos que não se safariam... Os outros que estudaram menos e não leram os livros que nós lemos.

Mas os outros safaram-se e seguem a sua vida, com os problemas quotidianos de quem tem um quotidiano.

Tenho só a saudade de acordar para as filmagens, de rir nos camarins, de falar insane com os projectores, de ficar contente com uma iluminação bem feita, de ficar nervosa com um momento de stress... de me sentir, de alguma forma, útil, produtiva e pertencente a um grupo.

Tenho saudade da equipe... do Marques, o meu querido Marques, da Tina, do Hugo, do Joãozinho, do Herman, da Ruef, do Zé Cruz, do senhor do Catering... Tenho saudades de me sentir gente, de sentir um sorriso à minha chegada ao trabalho, de ouvir o curriqueiro "Bom dia" que tomamos por direito inaliável...

O silêncio ensurdecedor do telefone, que mantenho ligado na teimosia de uma chamada por engano, não me deixa esquecer a inutilidade do que não faço e do que não sou para os outros.

Não ter trabalho é morrer-se de inutilidade... é ser-se esquecido... é esquecer-se.

A falta de um trabalho produtor aniquila-nos como pessoas.

Não valho nada!

Viva o Dia Internacional do Trabalhador!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O ESPANTO

Espanto é o encontrarmos a agulha no palheiro.

Espanto é conseguirmos entrar em casa com a porta murada.

Espanto é provavelmente o único sentimento para o qual desconheço palavra descritiva.

Percebem o que quero dizer?

Não?

Então imaginem que são funcionários do Estado. Que são vereadores. Prometem servir o povo e são pagos para isso com o dinheiro do povo. E imaginem que um dia chega à vossa beira um senhor, que não é Jesus Cristo, note-se bem, e que vos diz em surdina "Quero que seja feita a minha vontade... mas não me deixam. Toma lá estes 200 mil euros e dá um jeitinho para que assim seja como no Céu".

O vereador, espante-se, contra a tradição sagrada e popular, e para espanto geral da Nação, resolve denunciar esse senhor pouco católico que, por acaso, até é um empresário. Evidentemente, começa logo o tal povo, o que paga com vida de escravo a vida do Céu, a duvidar da sua, dele, sanidade mental.

Entretanto o empresário em questão é apanhado em flagrante delito, como se costuma dizer. É aberto um processo que durante 4 anos se arrastará nos tribunais. Quatro anos para provar o que foi provado pelo flagrante... Quatro anos de salários, de advogados, de custas, de selos, de papeis, de transportes, de juizes, de reuniões, de inquéritos...

E quando parecíamos ter esquecido que há gente desonesta à nossa volta, a Suprema Justiça na Terra, na pessoa do presidente do Tribunal da Relação vem dizer, e passo a citar, que neste caso "não se preenche a factualidade típica do crime de corrupção activa de titular de cargo político".

Segundo os juízes da Relação, "os actos que o arguido (leia-se: o honrado senhor empresário) queria que o assistente (leia-se: o veriadorzeco) praticasse, oferecendo 200 mil euros, não integravam a esfera de competências legais nem poderes de facto do cargo do assistente".

Ou seja, e passo a explicar, para o espanto de quem possa não ter entendido: A culpa da corrupção falhada é do vereador que, para infortúnio da riqueza do empresário, não tinha poderes para executar o "favor" que lhe estava a ser comprado com os 200 mil euros em questão. Por outras palavras, o empresário é inocente não porque não tenha tentado corromper o vereador (ficou provado que tentou!!), mas porque a tentativa foi mal dirigida, pois o vereador nada poderia realmente ter feito sendo, neste caso, o suborno inofensivo.

Permitam-me aqui um pequeno aparte para chamar os juizes que chegaram a esta brilhante conclusão de filhos mal paridos de grandessíssima mula!!

Mas, então. não terão eles na sua mentecapta inteligencia coagitado, por puro exercício mental, a remota possibilidade de o vereador, que não tinha poderes, chegar à beira de quem de facto teria e dizer "Houve lá, amigo... tenho aqui 200 mil, dividimos a meias e tu fazes a vontade dele... e depois vamos beber umas bejecas à conta"?

Não... Estes juízes, que têm gosma de lombriga no lugar de massa cinzenta, acreditam que as renas do Pai Natal voam e que corrupção é como eles: que não sai do cagalhão onde se aloja!

Não, srs. drs. juízes, a corrupção é como o vento: se não for desligada a ventoinha, não pára de soprar e de despentear-nos as ideias com benefícios facilmente muito caros.

E os senhores não pensem em condenar-me por difamação porque, não sendo V. Exas. filhos de uma grandessíssima mula (ou puta, ou vaca, tanto faz!), que deveria tê-los abortado com uma agulha de tricô enferrujada aos oito meses de gestação, não terá o meu insulto competência legal nem poderes de facto para os insultar com o que quer que seja!

Não é?

É a vossa competência de ofendidos que os senhores deverão julgar durante alguns anos e não a minha tentativa de ofensa profundamente sincera! A culpa de não serem filhos mal paridos de uma mula é vossa e da vossa mãe! Não minha! Afinal, não é a intenção que conta, nem de boas está o inferno cheio, ao contrário do que pensa o povo, que é gentinha distraída e de justiça não entende nada.

Certa vez, à mesa de um café, que é sempre à mesa de um café que as coisas importantes acontecem neste país, uma pessoa, completamente descrente da nossa Justiça e perante quem eu tentava defender o estado de Direito e as insituições que, teoricamente, têm como função afastar de nós o instinto animalesco da lei pelas próprias mãos, disse-me, em resposta ao meu pedido de tratamento igualitário para com o mais rele dos criminosos: "Eu estou-me a cagar para o direito dos violadores de crianças!"

Os senhores, abortos do Direito português, tiraram dela as palavras da minha boca: Eu estou-me a cagar para as competências do vereador em questão, que não são elas que minam esta sociedade que eu idealizo mais justa e para a qual pago os meus impostos!!

E agora prendam-me se quiserem...

Isto é espanto!

Perceberam?

domingo, 25 de abril de 2010

Semente Esquecida

Inventar a luz do dia que nasceu puro e limpo,
Vermelho do cravo
E do sangue das entranhas da mãe.

E respirar o mar que temos por oceano,
Vivendo abraçada a ti,
País meu, que és jangada de ninguém...

sábado, 24 de abril de 2010

Todo o Garve!

Às vezes gostaria que me explicassem, como se eu fosse muito, mas mesmo muito burra, porque é que uma coisa que é, às vezes é e outras vezes não é.

A sério...

Por exemplo: cai o Carmo e a Trindade porque alguma publicitária mente, que eu pessoalmente achei brilhante, criou um logotípo dirigido aos estrangeiros que nada mais era que isso mesmo: um logotipo para estrangeiro ver - Allgarve.

All garve... o Garve que é de Todos! Eles que venham all deixar cá o graveto que o Garve agradece!... Pareceu-me bem apanhada.

Mas eis que as imperiosas vozes patrióticas, que tanto fazem e sempre fizeram pelo reino de Portugal e dos Garves, logo se indignaram que qualquer dia estariamos a deturpar o nome da própria mãe.

Da mãe deles, não sei, da minha podem deturpar que, acredito, ela seria a primeira a fazer do Olga um Elga se isso lhe aumentasse a miserável pensão que a esses defensores da pátria tanto tira o sono.

Pois bem, mães à parte, que a minha não é para andar na boca deles, gostaria de saber onde estão agora esses incorruptíveis filhos da nação quando a seleção nacional - veja-se a palavra NACIONAL - tem a representá-la a nível mundial (não a nível de uma Inglaterra de turistas que por cá começam a levar porrada e a perder os filhos) uma canção... em inglês!!

E uma canção mil vezes batida e rebatida desde a Oprah às rádios anglo-saxónicas. Haja orgulho pátrio na última flor do Lácio e originalidade vendida nas mentes que voaram com a barcarola!

Onde estão agora os indignados Allgarvianos? A aprender o hino da seleção para, perante o mundo, mostrar o orgulhoso peito luso que tão bem canta em inglês quanto lambe cus?

Que vergonha, meu Deus, que vergonha que eu tenho de algumas destas línguas e de todos estes cus!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Hoje sou ibérica!

Que os ditadores queiram governar para sempre, eu até consigo entender, mas que a Melani, a mulher do António Banderas, seja viciada noutra coisa que não nele, ultrapassa a minha compreensão de simples mortal.

Melani: Devolve o Banderas à Península Ibérica, sua... sua.... ingrata!!

domingo, 18 de abril de 2010

E ainda há quem tenha dúvidas...

A minha mãe telefonou-me só para dizer que o Glorioso, leia-se Benfica, ganhou por 3 a 2.

E mais não quis dizer porque "tinha de ver os comentários e reportagens do rescaldo" (sic.).

Imagine-se o tráfico maternalmente telefónico que hoje se criou. E ainda há quem duvide que este seja o maior clube do mundo!!... Pfff....

terça-feira, 30 de março de 2010

Sacrilégio

Mas quem foi o hediondo pecador que ousou pôr à venda na Telecom bolas de berlim com creme de chocolate?!?!?!

A BOLA DE BERLIM tem que ter o creme de BOLA DE BERLIM! Por isso se chama BOLA DE BERLIM e não bola de chocolate!!... Entendem?

No imaginário de qualquer português que vai à praia, Berlim é uma cidade alemã de creme amarelo, doce, massudo, pecaminosamente delicioso e peganhosamente fiel ao bolo que a envolve.

Acham que eu estou a exagerar? Isto, meus amigos, do chocolate dentro da bola de berlim é tão grave para a história da doçaria portuguesa - e porque não dizer mundial? - como seria grave para a UNESCO se dentro do Coliseu de Roma plantassem couve galega!

No dia em que o Cristo Redentor do Rio de Janeiro tiver piolhos, eu comerei a bola de Berlim com creme de choco... arg!

Antes disso, JAMÉ!

sábado, 27 de março de 2010

Espantos II

Espantam-me aquelas pessoas que são políticamente incorretas só porque é políticamente correto sê-lo.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A importância DISSO

Pensem bem: o que é que todos os telefilmes americanos têm em comum, para além da bandeira a ondular ao vento, das gajas magras que acordam maquilhadas e dos psicopatas que querem ser apanhados pela polícia?
O que é que acontece sempre que um norte americano se aproxima de outro norte americano? - Pois bem, o norte americano que se aproxima fará impretrivelmente ao norte americano que é abordado a pergunta mágica:

«- Do you want to talk about it?».

Vamos lá a ver se nos entendemos: eu não tenho nada contra as pessoas que querem saber da vida dos outros. Se não vamos saber da vida dos outros, vamos saber do quê?

O que me irrita profundamente, com uma irritação figadal, é o psicólogo frustado que vive dentro de cada americano!

Ontem, em mais um desses episódios de uma dessas séries de um desses canais, o amigo A ao ver uma ruga expressiva na testa da amiga B, aproxima-se, ficando no entanto à distância suficiente para não invadir o politicamente correcto espaço íntimo dela, e dispara «Do you want to talk about it?», ao que a amiga sorri e, como é da praxe nesta situação, põe-se a encher chouriços, que é o mesmo que dizer, muda de conversa e fica a melancolicamente a falar da esterelidade das palavras fúteis, já que o mistério da sua dor enrugada ainda teria de render uma meia-horita de filme.

E renderia, se a melancolia não fosse uma ameaça de estado num país que só vê com bons olhos as lágrimas da estagiária com esperma no vestido derramado na sala oval. Think Positive!
Ah... nada como uma tragédia dinamarquesa para nos emudecer a alma. Veja-se o «Breaking the Waves», por exemplo, e depois venham-me cá perguntar se quero falar disso!
Por puro exercício mental, imagino cena idêntica num qualquer canto do território luso:
Chega-se o tuga A à beira da tuga B:
- Queres falar disso?
- Disso o quê?
- Ó pá... disso... da tua ruga na testa.
- Deves ter muito a ver com isso! Tás a dizer que eu tenho rugas?
- Ó mulher, claro que não... é uma maneira de dizer... mas pronts... eu respeito a tua intimidade. Se não queres falar, não falas.
- Ah não, não e não!! É tipicamente teu! Primeiro chamas-me de velha, depois mandas-me calar e ainda por cima me fazes assédio sexual.
- Mas... tás maluca ou quê? Qual assédio?
- Isso da intimidade é o quê?? Vais-me dizer que é só para ver a tua coleção de selos, não?!
- Er... e como sabes que tenho uma coleção de selos?
- Tens?
- Tenho.
- E é grande?
- 15 cm.
- Não queres falar sobre isso... em tua casa?
- ...
Decididamente falar «disso» é coisa que os portugueses não sabem! Deve ser por «isso» que também não sabem fazer filme...

domingo, 7 de março de 2010

Viajar

Preciso viajar... preciso desesperadamente de viajar. Sair da pequenez que me sufoca.

terça-feira, 2 de março de 2010

Conselho de avô

Como dizia o meu avô, «O importante é ter saúde e não mijar nunca contra o vento».

PS - Não sei se o meu avô dizia isto, mas se não disse, deveria ter dito, que isto mais parece ser conselho de avô

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Teorias

Não sei, mas tenho há já muito esta estranha teoria sobre a origem do nome do meu país: acho sinceramente que Portugal vem do substantivo "porteiro", tal é a imensa quantidade de pessoas que por estas bandas que sofrem desta síndrome*


*Síndrome do Porteiro - maleita altamentente contagiosa que se caracteriza por não deixar entrar nem querer sair.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ниже некуда

Então é este o sabor da sarjeta?

Fel... eterno fel...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Espantos

Espantam-me aquelas pessoas que põem sal na comida antes a provar!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Russo da cabeça versus Russo da boca

Às vezes eu sonho em russo. Hoje sonhei.

Uma pergunta me assalta, sempre que isso acontece: como é possível os personagens russos dos meus sonhos falarem sem erros???

Hoje, por exemplo, acordei a dizer uma frase bem russa. Estrangeira que sou no eterno terreno da interlíngua, algures entre o português e o russo, na posse das minhas faculdades mentais dispertas jamais conseguiria elaborar uma frase gramaticalmente tão russa. E no entanto a mulher do meu sonho disse-a.

Mas que raio anda a minha a cabeça a fazer comigo? A mulher do meu sonho está em mim, pelo que deduzo que a sua língua, estando nela, estará em mim. Certo? Porque não me vem então conscientemente à boca acordada?

Ai... que pergunta tão filosófica para inicio de ano!