quarta-feira, 12 de março de 2008

Quatro pontos acerca do tabaco

Ponto primeiro: Não gosto de proibições. A sério que não gosto. Põem-me nervosa e dão-me logo vontade de as violar!

Ponto segundo: Também não gosto de cigarros, nem do fumo dos cigarros a vir para a minha cara, nem do cheiro da nicotina impregnado na minha roupa. Não fumo nem nunca fumei

(Exclua-se deste "nunca" aquela idade parvas das decisões estúpidas que nos abrem a porta do mundo e nos tornam sábios - os 14, 15 anos). Pois é... nessa altura peguei nuns cigarritos, e não se pense que foi às escondidas, não! A mãe não achou piada nenhuma mas não proibiu – conhecia-me e sabia que eu violaria a proibição. O pai, meio à parte da educação da prole, achou engraçado o facto de a filha travar o fumo e ser tão parecida com ele (mas sem barba, note-se bem). E eu, na estupidez da idade parva, dei por mim a pensar sabiamente "Mas esta coisa é horrivel, sabe mal e não tem nenhum objectivo prático! Para que é que o faço?"

E pronto. Nunca mais fumei. E sempre achei estúpido quem fuma.

Agora desengane-se quem julga que vou aqui fazer uma apologia anti-tabagista: quem quer fumar, que fume! Até digo mais: quem disso tira prazer, que o receba!

Eu não entendo esse prazer, mas também não entendo a infinidade do Universo e não é por isso que deixo de admirar a luz das estrelas.

Ponto terceiro: mais do que cigarros e proibições, não gosto de hipocrisia.

Esta coisa de proibir as pessoas de fumar nos restaurantes, bares, discotecas e afins tem que acabar! E se há alguém que tem direito de reivindicar isto sou eu, uma atleta não-fumadora consciente e por opção!

Não gosto do senhor que se incomoda com os malefícios do fumo para a sua saúde e é incapaz de ir beber a sua bica a pé. Para tal compra o carro de maior cilindrada (leia-se “mais poluente”) que encontra e pouco se importa com a minha saúde que não tem nenhuma lei a proteger o ar que respiro na rua. Temos o caso do senhor monetariamente oposto, que vai dar o mesmo resultado: aquele que pára o “chanato” a cair de podre no meio da rua, em segunda fila, sem desligar o motor para não apanhar multa por estacionamento, e vai num instantinho comprar uma água mineral por causa da azia que o borrego lhe causou. E, já agora, aproveita para criticar aquele senhor do canto que tenta, disfarçadamente, puxar dum cigarrinho embora se sinta com pouca coragem para o acender.

Não gosto da senhora que se incomoda com o cheiro do cigarro do outro lado do restaurante, dizendo que lhe tira o paladar da comida e come em 3 minutos uma sopa de pacote com feijão transgénico porque está de dieta e quer aproveitar e dar uma passada nos saldos antes de pegar ao trabalho.

Não gosto dos ex-fumadores, os mais fascistas de todos, tentanto proibir o mundo de lhes recordar a existência do cigarro. Se são fracos, problema deles. Não dos fumadores, a quem já basta a lotaria do cancro do pulmão, do ataque do coração e da perda dos pequenos prazeres olfativos e gustativos.

Não gosto que me venham dizer que num vôo de 12 horas as pessoas não podem fumar porque vicia o ar e provoca cancro. Pergunto-me se o bocado de plástico que eles servem como comida não dá cancro e se o apertado espaço entre os bancos não é favorável ao surgimento de êmbolos nas vias sanguíneas? Não gosto que me digam que o fumo incomoda os não-fumadores porque não há maneira de isolar o ar. Estranho... no entanto há maneira de pôr um avião no ar durante 12 horas, há maneira de levar os seres à Lua, há maneira de ter filhos sem sexo... e não há maneira de fazer uma parede a meio do avião com um extrator?

Não gosto que me venham falar do malfadado cancro, quando tudo o que eu respiro, como e visto me leva a ele.

E mais que tudo, não gosto que um problema familiar se transforme numa lei de Estado! O que é da vida privada, nela deve ficar! Se eu me esforço há tanto tempo para que a minha mãe deixe de fumar, não pode agora vir uma lei a dizer que ela é, por isso, uma assassina.

Ora eu sei que a minha mãe não é assassina nenhuma! E sei que ela talvez deixasse de fumar se eu tivesse continuado a insistir... pela saúde dela. Sem proibir.

Agora já não insisto. Agora já não digo nada! Tiraram-lhe o prazer da bica com o cigarro e não lhe deram nada em troca que não fosse exclui-la para um canto da rua, como se portadora de peste fosse. Os fumadores não são a segunda peste negra da Europa, nem são, per si, criminosos. Os fumadores são unica e simplesmente estúpidos (desculpa mãe, que demonstras tanta sabedoria noutras coisas). Nada mais, nada menos!

E eu, mais que os estúpidos, não suporto os burros (as pessoas, não os animais).

Os burros que fazem as leis sem pensar nas pessoas. Os burros que têm os carros mais poluentes. Os burros que não reciclam. Os burros hipócritas. Os hipócritas dos burros...

Ponto quarto: Fumadores de Portugal, uni-vos! Pelo direito a serem estúpidos, FUMEM e depois, só depois, pela vossa saúde, DEIXEM DE FUMAR!